As plantas que estavam em flor


"Constando-me que em um sítio próximo do rio Piracanã existiam algumas igaçabas para ele me dirigi na madrugada do dia 6 de Julho, tomando para isso uma montaria tripulada por dois tapuios, e indo amanhecer na ponta da ilha de Camararury que divide o Tapajós em dois braços, estendendo suas praias por ele a dentro em grande extensão. Querendo conhecer a vegetação que orna as margens, quer da ilha quer do rio, nesse lugar, tomei pelo braço que costeia a ilha pela margem esquerda e desci.
Tomando nota das plantas que estavam em flor, ou mais abundava nas margens, notei que uma ou outra soqueira de jauari aparecia,  rompendo a espessa ramada, feita de algumas plantas sarmentosas, que aí crescem em abundância tornando inacessível as margens, sem auxílio de algum instrumento que abra passagem. Começando a vazar o rio, contudo as águas beijavam ainda as raízes e ramas dessa longa cipoada, dentre a qual e além via-se romper e aparecer grandes pés de tachi do igapó, uma polygoniácea, do gênero Triplaris, e que julgo ser a Triplaris bompladiana, que embelezava a floresta com suas flores brancas e avermelhadas, quando velhas, que apresentavam quase suas copas inteiramente cobertas de flores; são árvores altas, mas cuja madeira não tem emprego, senão para carvão. Com seus troncos mergulhados na água e firmados na areia se antepõe a essa cipoada, inúmeros pés de mirtáceas, dos gêneros psidium e eugenia. João Barbosa Rodrigues (1842-1909). Exploração e estudo do valle do Amazonas: Rio Tapajós. 1875. p. 67-68.



Psidium pyriferum.  (Goiaba)
Botanical register. v. 13, 1827.
www.biodiversitylibrary.org

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