Maria-é-dia


" Jovial e madrugadora, maria-já é-dia ou marido-é-dia, não permite que ninguém demore no leito, depois que a madrugada começou a roçar sua clâmide de luz pelos cabeços dos montes.
Então enche a manhãzinha de gritos: maria-é-dia, maria-é-dia, convite amável para deixar o tépido aconchego dos lençóis e admirar o espetáculo sempre único do dia que desabrocha como uma flor, e cuja duração é regulada pelo subir e descambar do sol.
Maria-é-dia ama as claridades solares, e quem sabe se à noite não olha ansiosa o tranquilo caminhar das estrelas, perscrutando, saudosa, os primeiros albores da madrugada. O certo é que não há dia que nos chegue, sem que ela deixe de anunciá-lo alacremente.
Seu aspecto é de um pequeno bem-te-vi, ao qual se desbotassem as penas do cucuruto, que não são amarelas, mas esbranquiçadas. O dorso é, entretanto, pardo oliváceo, garganta cinzenta clara, mas o amarelo do ventre é desmaiado [...].
Em matéria de ninho, ninguém lhe dá conselhos e sabe fazê-lo com arte e extrema inteligência. Tece com tal sabedoria a tigelinha de seu ninho e põe-lhe externamente musgos e líquens, fixado por teias de aranha, que tal construção se dissimula e se confunde com os galhos da árvore seca onde o localiza. [...]". Eurico Santos (1883-1968). Pássaros do Brasil. 2004. p. 122-123.



Irapuru - Corruíra - Maria-é-dia - Cambaxirra.
Eurico Santos. Pássaros do Brasil. 2004.

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