Os banhos cheirosos da meia-noite


"[...]. Poucas mulheres no Pará, maximé nativas, filhas da terra bendita, deixam de fazer, na data onomástica do santo, uma grinalda recendente de pataqueira, enfeitada de jasmins e rosas. E, se as coroas são infalíveis, os banhos cheirosos da meia-noite o são mais. Da barraquinha do pobre ao palacete dos ricaços, ao passar de 23 para 24 de junho, as mãos femininas ralam, misturam, combinam, mexem e filtram vegetais para o banho propício. Cada criatura possui a sua cuia de cheiro, a sua bacia, a sua banheira, uma vasilha enfim com o miraculoso líquido perfumado. A infusão admirável não somente dá sorte, alegria, prosperidade, como tira a macacoa, a caipora, o azar. Entornada sobre o corpo, equivale a uma limpeza no físico e na alma do indivíduo; dilui a graxa e a panemice; tonifica o coração e amacia o semblante". Raimundo Morais (1872-1941). Os Igaraúnas. 1985. p. 111.
 
 
 
Banho de cheiro na cuia
Fotografia de Olímpia Reis Resque


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