Um tucano silenciosamente empoleirado


"[...]. Costumávamos estacionar em pequeno lugar limpo, toleravelmente livre de formigas e à beira d´água. Aí nos reuníamos depois de fatigante caçada matutina em várias direções, pelas brenhas, e tomávamos nossa refeição bem ganha, sentados no chão. Duas largas folhas de banana silvestre serviam de toalha e, terminado o almoço, ficávamos um bom par de horas ao abrigo do grande calor da tarde. A diversidade de produções animais era tão maravilhosa como a das formas vegetais nessa rica localidade. Vejo em meus apontamentos que não era raro encontrar, num dia de pesquisas, trinta ou quarenta espécies novas de belos insetos, mesmo depois de ter realizado certo número de excursões ao mesmo lugar. Era agradável ficar deitado, durante a parte mais quente do dia, a examinar os movimentos dos animais, enquanto minha gente dormia. Às vezes um bando de anus (Crotophaga), aves de plumagem negra e luzidia, que vive em pequena sociedade, vinham dos campos, um a um, chamando-se, a esvoaçar de árvore em árvore. Ou um tucano (Rhamphastos ariel), ficava silenciosamente empoleirado ou subia e descia pelos ramos, a espiar, para dentro das fendas e interstícios. Notas de aves solitárias ecoavam pelos matos. Acidentalmente via-se algum preguiçoso surucuá, pousado num ramo baixo, sem fazer o menor movimento durante uma hora inteira. [...]". Henry Walter Bates (1825-1892). O naturalista no rio Amazonas. 1944, v. 2, p. 53-54.
 
 
Rhamphastos ariel.
John Gould (1804-1881). A monograph of the ramphastidae or family of toucans. 1992
Acervo da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna - MPEG


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