As Igrejas do Grão-Pará


 

"Precavido a muitos respeitos, o organizador da jornada ao Pará prevenira-se com o acompanhamento de sacerdotes, não só para o bom êxito da expedição, como também para a prática por eles, continuadamente, do serviço divino, na qual os conquistadores tinham a máxima confiança. Assim é que vieram com Francisco Caldeira de Castello Branco: Fr. Antônio da Merciana e Fr. Christovão de São José. Não descuraram estes de erigir, à medida em que progredia a construção do forte, e dentro do seu recinto, uma pequena ermida, sob a invocação de Nossa Senhora da Graça, sendo esta a primeira casa de Deus que surgiu em meio do novo povoado, sagrando a sua fundação.
No ano seguinte ao deste assinala o evento, os capuchos de Santo Antônio fundaram um pequeno hospício no sítio chamado Una, e 1626, em Belém, o convento com a sua capela ao lado, para o serviço divino. A atual igreja de Santo Antônio, data, porém, de 1736-1743.
Junto, ou melhor, nas proximidades da primeira ermida, foi construída outra igreja, que posteriormente tomou o nome de Santo Alexandre, sendo terminada em 1660. Foi ela o colégio dos padres da Companhia de Jesus, até a expulsão destes, em 1760, quando ficou abandonada, sendo entregue à irmandade do Santo Christo, até 1790, e por fim transferida esta para a Igreja das Mercês.
Caída em abandono, foi a igreja de Santo Alexandre restaurada e solenemente benzida no dia 26 de fevereiro de 1863. [...].
Era um dos mais ricos templos do Pará, como atestam ainda hoje o seu altar mor, todo em madeira esculpida, e o seu púlpito bem talhado, de onde a voz portentosa do grande apóstolo e orador sacro, o imortal Antônio Vieira, o gentium dux, fez maravilhas de submissão a lei de Deus.
A Igreja do Carmo, erigida pelos padres carmelitanos, e na atualidade a terceira das que aí foram fundadas, construída a atual em 1776. Caída em abandono, foi em nossos dias restaurada.
A Igreja das Mercês deve ter sido começada quando aqui chegaram os primeiros mercedários, em 1640, com a expedição de Pedro Teixeira, de volta de Quito, vindo com ele os religiosos mercedários Fr. Pedro de la Rua Cirne e Fr. João da Mercê. Em 1852 serviu e matriz da paróquia de Sant´Anna, por estar em conserto a respectiva sede paroquial. Durante o episcopado de D. Antônio de Macedo Costa fechou suas portas ao culto, sendo, porém, restaurada atualmente pelo Sr. Arcebispo D. Santino Coutinho. Sua construção é característica e a sua fachada é a mais artística de todas as igrejas de Belém. Conservaram-se nela vários quadros de pintura religiosa de valor bem apreciável, hoje dispersos e desaparecidos. [...]".

 Theodoro Braga (1872-1953)
Apostillas de história do Pará. 1913, p. 37-39.
 
 
Igreja das Mercês
Álbum de Belém. 15 de Novembro de 1902.
Fotografia F. A. Fidanza
Acervo da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna (MPEG)
 


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