Um lugar revigorante


"A mata nos oferecia passeios muito agradáveis. Em alguns trechos, amplos caminhos desciam por suaves encostas, através do que, em nossa imaginação, podíamos tomar por um parque de plantas sempre virentes, até úmidas grotas onde borbulhavam olhos d´água ou deslizavam regatos sobre alvos leitos de areia. Mas a entrada mais bonita era a que atravessava o coração da floresta e ia terminar numa cascata, que os cidadãos de Barra consideram a principal atração dos arredores. As águas de um dos regatos que cortam a sóbria mata despejam-se ali do alto de um penhasco de cerca de três metros de altura. Não é a cascata em si que constitui a principal atração do lugar, e sim a quietude e a solidão que ali reinam, bem como a maravilhosa variedade e exuberância das árvores, folhagens e flores que ornam o poço onde se despeja a água. As famílias do lugar costumam fazer piquenique ai; os cavalheiros - e, segundo dizem, também as senhoras - passam as horas mais quentes do dia banhando-se nas águas frias e revigorantes da cascata. O lugar é histórico para os naturalistas, por ter sido um dos favoritos dos célebres viajantes Spix e Martius, quando visitaram Barra em 1820. Von Martius ficou de tal forma impressionado com a magia e a beleza do lugar que celebrou a visita que ali fez desenhando o seu cenário para servir de fundo a uma das ilustrações de sua grande obra sobre palmeiras". Henry Walter Bates (1825-1892). Um naturalista no rio Amazonas. 1979, p. 135-136.
 
 
 
 
Recanto na floresta
C. Fr. Von Martius. Historia naturalis palmarum, 1823-1850.
 


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