As árvores da floresta


"Espessos capinzais cobrem as terras alagadiças com tal viço e em tal abundância que formam uma parede verde impenetrável, tornando o avanço impossível, quando não se abre caminho com um instrumento cortante. Dentre as múltiplas espécies de árvores, as palmeiras acenam com suas formas elegantes sobressaindo no labirinto verde e completando a impressão de exotismo da região. Algumas das árvores mais fortes parecem estar em atitude hostil recíproca e empenhadas em luta pela existência. É uma luta silenciosa, a que se fere entre elas; não obstante, aqui e ali já tombaram inúmeras vítimas. Muitos cadáveres de árvores colossais jazem desarraigados por terra, mas sobre seus corpos caídos desenvolvem-se novas vidas. Alguns desses troncos arrastaram outros na queda, sem eles próprios alcançarem a terra por terem sido detidos pela viçosa vegetação antes de tocá-la; e esta por sua vez arrasta outros companheiros mais fracos derrubando-os: um quadro simbólico da vida humana, na qual tantas vezes o destino de um alcança outros arrastando-os para a ruína. Com isso formam-se de modo mais natural exemplares arquitetônicos. Audaciosos arcos sucedem-se a grotescos restos de árvores, elevando-se como torres altaneiras e alguns gigantes caídos da floresta formam pontes ligando as margens floridas dum riacho que corre espumando sobre um leito rochoso. [...]. Oscar Canstatt (1842-1912). O Brasil: terra e gente (1871). 2002, p. 46.
 
 
 
Viagem ao Brasil do Príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied.
Biblioteca Brasiliana da Robert Bosch GmbH. 2001.


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