Lendas e Curiosidades: Jaquiranambóia


A Jaquiranambóia é uma interessante criaturinha que em toda parte do nosso vasto território é conhecida através de um interminável rosário de superstições.
O vocábulo Jaquiranambóia, jiquirana bóia, jitirana bóia ou jiquitirana bóia, segundo os letrados indianólogos são corruptelas de iaquirana-bói, que quer dizer cigarra-cobra, talvez uma alusão a forma extravagante do esquisito prolongamento cefálico cheio de rajas de carregada cor.
É a Ñakirâ-mbói do Paraguai, que segundo Bertoni, significa cigarra-cobra como no Brasil.
O nosso lendário animalzinho, tão cercado de mistérios, é apenas um inocente homóptero, que na crença popular, é cego, seca a árvore onde pousa, fulmina o incauto que dele se aproxima e arrasta um inacabável cortejo de desgraças.
Mas em resumo o que é a jaquiranambóia, esse mito da imaginação popular, sempre fértil?
Responderemos será tudo isso, que dizem apenas não é cega, não seca a árvore onde pousa, não fulmina ninguém, nem é mensageira de nenhuma desgraça.
Cientificamente é um inócuo homóptero primo irmão das cigarras, essas descuidosas precursoras do verão, dedicadas as musas e que tantas vezes tem inspirado os poetas sonhadores e os românticos.
Se a nossa jaquiranabóia não é tão comum como as cantoras da estação calmosa é contudo bastante frequente nas nossas matas e mesmo nos jardins da cidade, pois já a capturamos no parque da Praça da República. [...].
Agora ouçamos a nunca esquecida naturalista Maria Sybila Merian (1647-1717):
Ela esteve durante algum tempo em Surinam e deixou preciosos documentos científicos sobre a flora e a fauna daquela  (antiga)possessão holandesa.
Conta-nos Merian, que um dia os seus indígenas levaram-lhe algumas jaquiranas, que foram encerradas cuidadosamente numa caixa.
Alta noite ouvindo um ruído estranho, que partia do improvisado viveiro, foi observá-lo e viu, com grande espanto, vários focos luminosos.
Maravilhada com tão surpreendente espetáculo não tardou em proclamar as fantásticas propriedades do singular inseto, que recebeu do glorioso Lineu a denominação científica altamente sugestiva de Laternaria phosphorea.
Maria Sybila Merian não teve a felicidade de ver publicado o seu monumental trabalho sobre os insetos de Surinam, publicado em 1726. Raymundo, Benedicto. Jiquirana-boia. Fauna, São Paulo, n. 5, p. 10, 1942.
 
 
Jaquiranambóia
Maria Sybila Merian  (1647-1717)
 Insetos do Suriname

 
 


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